sábado, 12 de dezembro de 2009

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"Eu hoje joguei tanta coisa fora
Eu vi o meu passado passar por mim
Cartas e fotografias gente que foi embora,
A casa fica bem melhor assim..."

(...)

Outro dia escutei alguém dizer que é necessário pôr em ordem as coisas de fora para organizar as coisas por dentro...e talvez no momento que isto foi dito, eu não tenha me dado conta do tanto de verdade que cabia ali.
Hoje acordei disposta e estranhamente feliz, com vontade de limpar, arrumar, cuidar de tudo. É, esses impulsos malucos que acometem pessoas pouco normais...
E assim fui, arrumar o quarto, mexer em velharias, limpar a estante, esvaziar as gavetas, reorganizar os livros, cd's, cartas e as fotografias...
Putz, pouco a pouco fui percebendo o quanto a minha estranha mania de 'guardar' as coisas era algo que falava por mim, a necessidade absurda de segurar o passado, de alguma maneira, ainda que ele não me servisse mais, e daí? Um dia eu podia precisar...
E fui juntando as pontas..como isso tinha a ver com a resistência de mudar, o medo, a insegurança de se lançar completamente ao novo, como se preservar alguma ponta do passado pudesse me fazer, de alguma forma, mais segura. Quanta ilusão!
E num insight qualquer eu me dei conta que as coisas que passaram deveriam ficar no lugar delas, no passado!
Que o que eu deveria carregar comigo eram as lembranças, os ensinamentos que essas coisas me trouxeram, as experiências e o lembrar saudoso..
Amontoar as coisas não me deixariam mais próxima delas...mas tomaria o espaço que podia ser dado ao que está chegando...
Num ato de coragem (nossa!) fui me despedindo daqueles pedaços... dos rascunhos de cartas que não foram entregue, de embalagens vazias, de papéis amassados e de tudo mais que já não cabe em mim.
Por um momento me senti mais livre, de meus pesos e armaduras, num instante me senti mais leve...

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